Concluímos a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada de 21 a 27 de novembro.
Foi uma semana cheia de orações, reflexões, testemunhos de vida pastoral, sonhos, memórias e desafios para o futuro da Igreja no Continente Americano e Caribe.
O Papa Francisco, com certeza, de olhos e ouvidos atentos na Assembleia Eclesial.
As reflexões foram pertinentes para um mundo em estado de pandemia, com a dor da perda de milhões de fiéis vítimas da Covid-19. Muitos momentos e frases de consolo foram pronunciados em vista da perda de muitos líderes cristãos, famílias, Organismos do Povo de Deus que não escaparam de mortes neste tempo dramático.
A intenção era reavivar as conclusões da Conferência de Aparecida (2007), reativar as decisões engavetadas de Aparecida, assumir a eclesiologia animada, conduzida pelo Papa Francisco, para uma Igreja em saída, com olhar para o sínodo, a sinodalidade da Igreja.
Destaques como pontos chaves de reflexão:
As temáticas foram pertinentes, atuais, desafiadoras. Falta-nos agora a coragem para sair. A porta já se abriu. Uma Igreja que faz pontes e não muros ressoou inúmeras vezes na Assembleia. O grito contra o clericalismo, contra as estruturas cansadas, superadas, o autoritarismo, o conservadorismo e a exclusão das minorias, constantemente foram lembrados.
Destaco o testemunho dos jovens que pedem acolhida, cuidado, matéria para crescerem na busca dos sonhos na vida eclesial e vida profissional. Os jovens podem contribuir para uma Igreja sinodal mas pedem ajuda aos mais velhos que garantam caminhos seguros para buscarem a realização de seus sonhos.
Desafios permanecem.
Continuamos com uma Igreja centralizada em estruturas, práticas sacramentalistas, com pouca misericórdia, a exemplo da samaritana, do bom Samaritano.
Acolher e cuidar continua sendo a ferida aberta, com pouco curativo. Acentuamos a vivência sacramental para alguns com o monopólio do controle moral enquanto muitos se afastam, ou não buscam vínculo com a Igreja em vista de um moralismo fechado e excludente.
O clericalismo, tanto do clero quanto dos leigos e leigas, precisam romper com práticas de conservadorismos para abrir o coração e mergulhar na fonte da misericórdia que o Pai revela no relata do Filho Pródigo. Acolher e cuidar sem repreender e moralizar.
Há esperança
Após a Assembleia aumentou minha esperança para uma Igreja do acolhimento e do cuidado. Saber acolher e cuidar é a mística que nos orienta para o futuro da Igreja. Saber acolher os mais desprezados para aprender a arte do cuidado, revelam a ternura que somente a fé no ressuscitado dá sentido à nossa vida social e eclesial.
Estaremos, assim, no caminho da verdadeira Igreja anunciado pelo Ressuscitado. A porta se abriu, vamos sair juntos, em espírito sinodal, encharcar o mundo com o Evangelho da alegria e da esperança. Eu acredito, eu assumo, eu vou junto.
Dom Frei Severino Clasen, OFM
Arcebispo Metropolitano de Maringá